(Freud)
Somos sujeitos reprimidos pelo proibido e limitados pelo impossível. Buscamos se adequar aos relacionamentos imperfeitos, vivemos de perder, abandonar, desistir condenados a lidar com as perdas necessárias. A estrada da vida é pavimentada de perdas e por mais inteligente que sejamos, temos que perder para aprender a lidar com essas perdas!
Perdemos amigos, familiares, amores, objetos e até mesmo o tempo, mas o mais importante é saber que a cada perda existe um (foi necessário) por detrás e assim seguir olhando pra frente!
A seguir deixo um texto de Freud para reflexão sobre fins de relacionamento:
"No rastro da sexualidade caminha o amor ou, como queiram, no rastro do amor caminha a sexualidade. Assim como a meta da pulsão é satisfazer-se a meta do amor é encontrar-se. Essa busca incessante aparece no discurso de muita gente das mais diversas formas, todos desejam, em última instância ser amados. Todas as histórias narradas podem ser lidas como histórias de amor.
Numa composição binária: atividade e passividade, sadismo e masoquismo, paixão e recato, procura e espera, amar e ser amado, cada um à sua maneira e todos numa mesma composição, desenvolvem o drama de suas paixões num palco cercado por quatro paredes. Por uma lógica singular, o sujeito apaixonado percebe o outro como um todo, e , ao mesmo tempo, esse todo parece comportar um resto que não pode ser dito.
E o outro tudo que produz nele uma visão estética: ele gaba a sua perfeição, se vangloria de tê-lo escolhido perfeito; imagina que o outro quer ser amado como ele próprio gostaria de sê-lo, mas não por essa ou aquela de suas qualidades, mas por tudo, e esse tudo lhe é atribuído sob a forma de uma palavra vazia, porque Tudo não poderia se inventariado sem ser diminuído: Adorável! não abriga nenhuma qualidade, a não ser o tudo do afeto.
Entretanto, ao mesmo tempo que adorável diz tudo, diz também o que falta ao tudo; quer designar esse lugar do outro onde meu desejo vem especialmente se fixar, mas esse lugar não é designável; nunca saberei nada; sobre ele minha linguagem vai sempre tatear e gaguejar para tentar dizê-lo, mas nunca poderá produzir nada além de uma palavra vazia, que é como o grau zero de todos os lugares onde se forma o desejo muito especial que tenho desse outro aí (e não de um outro).
De uma certa maneira poderíamos dizer que o apaixonado engolfa a pessoa amada. O ser amado passa a ser a causa animadora dos desejos do ser apaixonado. Na ilusão de um ser total, completo, no qual nada falta, que lhe pode dar tudo e negar nada. Podemos ver aqui, uma suposta causa de inúmeros sofrimentos de amor, onde o ser apaixonado tenta alcançar no outro algo impossível. Por isso o assassinato ‘por amor’ talvez reflita um anseio, uma tentativa desesperada, de atingir o outro em sua imaginada, desejada ‘essência’."
O amor em Freud nos leva a pensar o amor como repetição, estamos inseridos numa cadeia de imagos, marcadas pelas impressões infantis, das quais não podemos nos livrar. Quando amamos não fazemos mais que repetir; encontrar o objeto é sempre reencontrá-lo...